Promotor
A Oficina CIPRL
Breve Introdução
A crescente atenção que, em edições mais recentes, o Guimarães Jazz tem dedicado ao auditório secundário, onde concertos de menor perfil mediático têm lugar, prende-se com razões que estão intimamente ligadas aos mecanismos atuais de funcionamento do circuito da música em geral, e do jazz em particular. Se por um lado continuam a ser dominantes os princípios de autorregulação do mercado musical, extraídos a partir de considerações, cada vez mais obsoletas e desligadas da realidade, sobre as supostas preferências do público, é igualmente evidente que hoje as fronteiras entre aquilo que se designa por arte mainstream e por, do lado oposto, arte "independente" parecem também cada vez mais esbatidas e em processo de esvaziamento de sentido. Nesse sentido, a programação de concertos para um auditório de menor dimensão no contexto de um festival que se propõe radiografar as tendências principais da criação jazzística contemporânea abre a possibilidade, potencialmente expansiva, de mostrar ao público músicos e projetos estéticos que, apesar de ou em resultado dos seus elementos de marginalidade ou heterodoxia em relação às formas canónicas, apresentam características diferenciadoras que, frequentemente, acabam por ser uniformizadas pelo tempo e seu efeito transformador no gosto e nas mentalidades.
O duo formado por Samuel Blaser e Marc Ducret encaixa perfeitamente na ideia de programação que pretendemos desenvolver para o auditório secundário. Embora de gerações e com experiências criativas muito diferentes, Blaser e Ducret são ambos músicos de grande virtuosismo e cultura musical, que partilham uma atração pelo risco e pela disrupção das fórmulas impostas pela indústria musical, qualidades criativas que são exploradas com intensidade numa performance sonora e física expansiva em que a irregularidade da contra-narrativa é sublimada em sacrifício da previsibilidade das convenções.
Nascido em 1981, o trombonista e compositor suíço Samuel Blaser corporiza o espírito terceiro-milenar da música europeia, caracterizado essencialmente pela incorporação de um vasto espectro de influências no ato criativo e pela fluidez de discursos potenciada pelo novo esperanto sonoro gerado pela globalização. Ao longo dos seus vinte anos de atividade no jazz e seus territórios adjacentes, Blaser tem guiado o seu trabalho artístico por uma constante procura das dimensões relacionais do projeto musical, materializada por colaborações com músicos importantes da música contemporânea de tendência vanguardista como Pierre Favre, Gerry Hemingway ou Paul Motian, ao mesmo tempo que se dedica à exploração dos limites do seu instrumento a solo, operando o som a partir das diferentes qualidades arquiteturais e acústicas do contexto onde grava ou atua.
Decorridos mais de trinta anos desde que se começou a notabilizar como uma das figuras proeminentes da nouvelle vague do jazz francês das décadas de 1980 e 1990, o guitarrista Marc Ducret é atualmente considerado, em virtude de um percurso de notável integridade ética e ousadia estética, um dos nomes mais influentes nos domínios da música improvisada e experimental contemporânea. Músico autodidata, Ducret foi durante o período inicial da sua carreira membro da prestigiada French National Jazz Orchestra, da qual eventualmente se libertou para prosseguir o seu trabalho como líder, a solo ou como sideman em projetos seminais do avant-jazz como o grupo Bloodcount de Tim Berne, o grande saxofonista norte-americano como quem Ducret colaborou regular e intensamente ao longo do tempo.
Ficha Artística
Samuel Blaser, trombone
Marc Ducret, guitarra
Preços
10,00€ / 7,50€ c/d
DESCONTOS:
Cartão Jovem I Estudante I Menores de 30 anos I Maiores de 65 anos I Deficientes e Acompanhante I Quadrilátero